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Chato, mas necessário.



Existem duas coisas que ninguém gosta de fazer... Mas, se todos fizessem, não só os erros seriam reduzidos, como o tempo total gasto na resolução de problemas seria reduzido e a qualidade dos exames aumentaria muito!


1 – Conferência burocrática


Precisamos sempre conferir se aquele exame é mesmo o exame correto, partindo do pressuposto de que pode não ser. É importante checar:

  • Os dados pessoais – se nome, sexo, idade, etc., estão corretos.

  • Pedido médico – o exame solicitado foi o efetivamente realizado? A suspeita clínica merece um contato direto com o médico solicitante? O exame solicitado é o mais adequado para a suspeita clínica? Muitos evitam contato com os médicos solicitantes por achar que atrapalha a produção. Trabalhando em equipe não só temos a oportunidade de participar da orientação sobre o exame mais indicado, como passamos a conhecer os casos de forma mais profunda e aprendemos a distinguir os achados que devem ser valorizados daqueles que não são relevantes. Na parte inferior da página inicial do site, em INFORMATIVOS, há um arquivo PDF com as principais dúvidas dos médicos solicitantes sobre os exames de TC/RM articulações que você pode compartilhar.

  • Questionários e fichas – há alguma observação relevante? Os dados estão preenchidos completamente? Tem alguma lacuna em branco?

  • Se a imagem é coerente com os dados pessoais e da história – nome masculino com imagem uterina ou feminino com imagem de próstata, idade avançada com fise aberta, jovem com muita alteração degenerativa, artefato metálico e paciente nega procedimentos cirúrgicos, etc.

Pense como um detetive (que foi tema do post - https://www.mskrad.com.br/post/o-que-podemos-aprender-com-agatha-christie): medicina diagnóstica é um trabalho investigativo e, como tal, reunir o máximo de informações sobre não só levará a um diagnóstico mais preciso como também irá contextualizá-lo. É a diferença entre uma lista desconexa de achados aleatórios e um relatório que reúne dados que fazem sentido e diferença para o médico solicitante. É comum não considerar o histórico do paciente imprescindível por acreditar que basta descrever as alterações observadas e o médico solicitante irá correlacionar com os dados clínicos.Todo dado contribui para acertarmos mais, enquanto que a falta de informação pode ser uma grande armadilha que induz ao erro. .


2 – Conferência técnica

Nos últimos anos tem se discutido muito o papel do radiologista frente aos novos avanços tecnológicos, como a inteligência artificial (IA) e é claro que haverá uma reinvenção da especialidade.

Isso tem levado a três temores que se retroalimentam (assunto discutido no post https://www.mskrad.com.br/post/haloween):

  • O medo de cometer erros.

  • O medo da remuneração cair.

  • O medo de ser substituído.

O tecnólogo que só pensa em fazer exames rápidos e o radiologista “baixador de pilha” podem ser substituídos por qualquer profissional à distância ou inteligência artificial, uma vez que é impossível um ser humano competir em velocidade com uma máquina.

Da mesma forma, o papel do radiologista apenas como o médico responsável apenas pelo contraste e intercorrências pode ser feito por qualquer médico com treinamento para lidar com reações alérgicas.


Já o espaço do responsável pelos exames (in loco e/ou à distância), aumentando sua acurácia diagnóstica e reduzindo complementos, como co-responsável pelo aprimoramento técnico dos operadores dos equipamentos e como consultor para os médicos assistentes é insubstituível.


Por isso, é imprescindível que o radiologista evite a postura de laudar tudo que encontra pelo caminho sem critério e participar mais do controle de qualidade dos exames, sempre checando se:

  • Os parâmetros técnicos estão adequados – se o FOV (field of view) não está pequeno (com risco de não englobar a região de interesse) ou grande demais (influenciando negativamente na resolução), se espessura e intervalo entre as imagens está dentro do recomentado, se resolução espacial está suficiente para detectar alterações em pequenas estruturas e nas cartilagens, etc.

  • A marcação dos exames foi feita nos planos adequados – uma grande causa de erro são os exames mal angulados. Na página PROTOCOLOS (https://www.mskrad.com.br/notas) sempre há um arquivo PDF atualizado sobre os protocolos e marcações corretas de todas as articulações para você compartilhar.

  • A rotina é suficiente – vários exames podem se beneficiar de recursos fora da rotina como forma de aumentar a capacidade diagnóstica: contraste venoso, permeabilidade, sequências específicas (como difusão, dixon, gradiente-eco), posicionamentos específicos (como ABER, FABS, mudança de decúbito, emprego de carga, etc). Você tem conhecimento dessas ferramentas e as aplica no dia a dia? Isso pode fazer toda a diferença na empregabilidade da especialidade no futuro.

“A excelência pode ser obtida se você se importa mais do que os outros julgam ser necessário, se arrisca mais do que os outros julgam ser seguro, sonha mais do que os outros julgam ser prático, e espera mais do que os outros julgam ser possível.” Vince Lombardi (1913-1970, primeiro treinador campeão do Super Bowl e, após sua morte, o troféu passou a se chamar “Vince Lombardi Trophy” em sua homenagem).


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